A importância que com o tempo foram
alcançando todos os meios de comunicação na sociedade pós-moderna é imensa. Na
sociedade da informação os meios não apenas oferecem informações sobre o que
está a suceder no mundo, mas também chegam a construir ideias no ouvinte ou
leitor, convencendo-o e modelando a sua opinião, dirigindo-a para onde os
dirigentes do meio quiserem. Os meios declaram culpáveis e ditam sentença antes
que o faça um juiz, participam em todos os espaços da vida pública, exercem pressão
sobre os poderes políticos e comerciam com a sua influência. Acaso é demasiado
o poder que possuem estes meios?
Os meios apresentam-se como um
conjunto de vozes diversas que oferecem pontos de vista objetivos, mas livres.
Porém, na realidade, descobrimos que todos ou uma boa parte deles pertencem a
uma ou duas corporações. Se nos cingirmos ao caso português (ainda que pudesse
facilmente aplicar-se a qualquer sociedade ocidental) verificamos que quase
todos os meios importantes são geridos pela Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social (CPMCS) . Vemos, logo, como a direção dos meios
de comunicação se pode rastejar até nos acharmos perante uns poucos nomes
próprios, com uma face mais ou menos pública e um enorme capital económico.
Acontece então que os meios se regulam do mesmo jeito que as grandes
corporações, formando ramificações que vão dar, no seu cúmio, a uns poucos
nomes absolutamente reconhecíveis (Coca Cola, Nestle, Microsoft, etc.). Assim como
estas corporações, os meios de comunicação também mascaram o seu monopólio com
nomes diferentes e pontos de vista pretendidamente divergentes, mas que,
afinal, obedecem aos mesmos interesses, quer dizer, os interesses do poder e
dos seus dirigentes.
Com certeza que há meios de
comunicação e pessoas que procuram manter a sua independência e a sua voz
própria, mas a falta de capital económico impede a “cacarejada” liberdade de
prensa. Assim, para fazermos chegar as nossas ideias ao grande público são
precisas ingentes quantidades de dinheiro, que apenas as mencionadas
corporações podem permitir-se. O aceitamento tácito da objetividade destes
meios tem, portanto, um grande perigo para a sociedade em geral, que longe de
se mostrar crítica com a opinião dos meios, recebe-a como se fosse imparcial e isenta
de ideologia, como se esta fosse a verdade absoluta e indiscutível.
A internet pode ser uma oportunidade
para essoutras pessoas que quiserem divulgar as suas visões do mundo e do que
nele acontece e não têm os meios económicos para fazê-lo. Muitos cibernautas desconfiam já dos interesses dos
meios de massas e procuram o rastro dos seus donos e do objetivo que eles possam
pretender. Fica por ver se a internet se descobre como
uma ferramenta capaz de nos orientar para uma visão mais crítica e matizada do
mundo em que vivemos.
Imagem tirada de: https://averdademanipulada.wordpress.com/ |
Sem comentários:
Enviar um comentário
Este blogue é um espaço de aprendizagem. Foi criado para permitir a criação e partilha de conteúdos com o objetivo de desenvolver as capacidades comunicativas dos alunos em língua portuguesa. Por esse motivo, os comentários com conteúdo abusivo ou insultuoso serão eliminados.
Não cause dano.