terça-feira, 31 de março de 2015

Juventude

Por:
Alba Díaz
Cristina Piñón

Imagem: http://jetcart.tuningblog.com.br/20196/Juventude-atual/

As gerações mudam com o tempo. É inevitável. Os jovens das gerações atuais já não são como as gerações dos anos 70 e 80. Naqueles tempos, as crianças viam a tv e jogavam na rua. Hoje em dia, os jovens já não fazem essas coisas, agora jogam no computador jogos online com os amigos que estão do outro lado do ecrã e não vivem sem os seus telemóveis.
Infelizmente, isto faz com que muitos deles não tirem boas notas na escola e fiquem sem nenhuma formação para o futuro. Mas o problema aumenta quando vemos nos jornais que aqueles que tiraram um curso e possuem experiência estão desempregados também, já que este facto desmotiva as gerações mais novas.
Hoje em dia não há empregos e os que existem exigem anos de experiência excessivos. Mas são dois os problemas principais: as empresas não querem gente mais velha para continuar a trabalhar com eles, mas também não querem gente jovem sem experiência laboral. Portanto, em muitos casos, as gerações atuais assinam contratos para fazerem estágios em empresas que em muitos casos nem sequer são remunerados.
Tudo parece estar num círculo vicioso, pois a falta de formação e de experiência profissional traz consigo problemas que quase não têm solução. Hoje em dia a experiência laboral é um requisito indispensável para te contratarem numa empresa. Mas o problema é que os jovens não têm experiência de trabalho porque não são contratados precisamente por essa razão. Se nunca são contratados, não podem ganhar essa aprendizagem laboral tão necessária.
Consequentemente, as novas gerações encontram-se no desemprego, que aumenta dia atrás dia. Produz-se, então, um movimento em cadeia: há menos trabalho, a gente gasta menos dinheiro, tem menos capital para viver e isto faz com que aumente a crise económica.
Os jovens que atualmente finalizam os seus estudos universitários encontram-se com este problema, e não conseguem trabalhar naquilo que gostam e para o que foram formados. Ainda que o governo de todos os países tenha tentado ajudar, lançando iniciativas de apoio ao trabalho para os jovens sem emprego, as mudanças não foram visíveis. Por isso, muitos destes jovens consideram a imigração uma possibilidade aberta que não hesitam em experimentar. 
Aqueles que, porém, preferem ficar no país, não têm outra solução a não ser viver em casa de seus pais indefinidamente, visto que não se podem emancipar.
A seguir, deixamos algumas ligações que podem considerar interessantes:

http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1455.pdf

http://www2.metodista.br/outraspalavras/geracoes.htm

Hábitos e modos de vida da juventude (grupo 2)


Por:

Gabriel Ares Cuba
Sara Cambeiro Vázquez


O tempo de lazer, dentro do tempo livre, define-se como o tempo que cumpre três condições. A primeira compõe-se de atividades que são livremente elegidas em relação com aos gostos da pessoa; a segunda implica um tempo que se caracteriza pela livre escolha e execução de atividades que satisfazem as necessidades pessoais; a terceira acarreta um tempo em que o objetivo é o descanso, a diversão, a criação e o desenvolvimento da pessoa.

Desta maneira, no tempo livre incluem-se as atividades culturais como a literatura, a música, o teatro e o cinema. Mas também as práticas de desporto, o voluntariado e as saídas noturnas. O lazer é um fator importante para o bem-estar dos jovens, ao mesmo tempo que diminui as probabilidades de caírem na delinquência.

Os estudos sobre o consumo de substâncias tóxicas são importantes porque estudam as mudanças químicas no cérebro. Estas mudanças têm grande relação com os lugares onde se consume e com as pessoas com quem o fazemos. Uma das razões que contribui para a formação dos hábitos de consumo relaciona-se com a necessidade de reduzir transtornos emocionais, o stress e os medos de enfrentar as mudanças meio. Isto tem como resultado a incapacidade da pessoa para evoluir emocionalmente.
Em relação ao sexo, estudos demonstram que as relações sexuais nas mulheres estão especialmente relacionadas com o amor e a afetividade, quer dizer que para a maioria das mulheres existe um forte vínculo entre amor, afetividade e sexualidade. Porém, os homens associam a sexualidade a uma relação física entre dois sexos e não existe uma relação direta com o amor ou com a afetividade.

Um dos motivos mais importantes para a atração interpessoal que forma as relações de amizade é a similitude. A interação com indivíduos afins é uma fonte de gratificação, já que a similitude alenta favorece a aprovação do meio social em que se produz a amizade e favorece a aceitação dos pares. As pessoas com atributos parecidos escolhem-se mutuamente de tal forma que a similitude precede a relação e em alguns casos é o motivo primordial para iniciar uma amizade.

A adolescência representa uma etapa onde os pares desempenham um papel significativo na vida dos jovens no âmbito social. Os estudos de relações encontram níveis de homogeneidade altos em fatores como sexo,  idade e etnia. No caso dos adolescentes, observa-se similitude de pares em rendimento académico e em atividades de tempo livre dentro e fora da escola. No caso do consumo de substâncias tóxicas, considera-se que as semelhanças são maiores no uso de drogas ilícitas e menor no caso de consumo de drogas legais, o que indica que a similitude aumenta quando os comportamentos não contam com a aprovação social, pelo que as atividades de consumo requerem um suporte dos pares.
Como conclusão, podemos dizer que o tempo de lazer dos jovens é aproveitado em diversas atividades. Todas estas atividades estão muito vinculadas à relação que temos com as pessoas que nos rodeiam.

Bibliografia:
<http://www.mineducacion.gov.co/cvn/1665/articles-340716_archivo_pdf.pdf>

segunda-feira, 30 de março de 2015

Mineração irresponsável na Galiza: Corcoesto e Cova Eirós


Por:

Gabriel Ares Cuba
Sara Cambeiro Vázquez



Hoje vamos falar sobre a mineração na Galiza, concretamente da mina que põe em perigo a zona de Corcoesto e a Cova Eirós. A empresa canadense Edgewater tem ameaçado, desde há muito tempo, a província da Corunha com uma exploração a céu aberto. Por outro lado, a empresa Cementos Cosmos pretende fazer perigar um dos jazigos arqueológicos mais antigos da Península Ibérica, e o mais antigo da Galiza, situado na província lucense.
Em julho de 2013 conheceu-se a notícia de que a Xunta de Galicia e a Edgewater paralisaram o acordo para que a empresa desse ao Estado garantias de solvência. Este facto provocou a indignação da população por não terem dado atenção ao problema ambiental. Quase ano e meio depois, a empresa mineira anunciou que o acordo continua com efeito porque pretende satisfazer as exigências da Xunta. Em janeiro de 2015 sai à luz a notícia de que a companhia perderia os direitos sobre o terreno explorado, pela modificação da lei 3/2008 da ordenação da mineração da Galiza. Porém, quando parecia que o assunto com a Edgewater estava concluído, aparece uma notícia anunciando a exploração por parte da companhia Sacyr.


No seguimento destes acontecimentos,  a Cova Eirós também é vítima da mineração. Em agosto de 2014 sai à luz a notícia de que a canteira Cosmos reiniciou a sua atividade. Algumas associações denunciam o incumprimento de requisitos básicos para a realização destes projetos de cantaria. A alcaldesa de Triacastela tenta suavizar o golpe pedindo um museu para a gruta em perigo. Evidentemente, isto não é uma solução para a preservação do jazigo arqueológico. É necessário destacar que a mineira Cementos Cosmos pretende dinamitar a 50 metros da gruta. Por este motivo, o coletivo ecologista Adega interpôs uma denúncia perante as entidades responsáveis pela fiscalização. 
Contra estes abusos ambientais criaram-se diversas associações, como por exemplo, a ContraMINAcción (Twitter e Facebook) ou a Plataforma cidadá Salvemos Cabana (Twitter e Facebook). Esta última usa as redes sociais para difundir as novidades relacionadas com a mineração na Galiza. Além disso, está a realizar-se um documentário (Corcoesto. Voces contra la megaminería) que analisará a manipulação política e mediática relacionada com o caso.



Como conclusão, temos de ter em conta o relatório do Defensor del Pueblo no qual se denuncia a falta de colaboração da Xunta e o atraso na hora de disponibilizar a informação requerida sobre os danos das minas. O sucedido em Touro e em Valdeorras demonstra o escasso compromisso da Xunta com a fiscalização do setor mineiro na Galiza.

Música para os ouvidos

Na entrada de hoje, a Cristina e eu vamos falar dos nossos cantores dois favoritos. Os dois são grandes artistas da música e representam dois estilos musicais muito diferentes. O cantor favorito da Cristina é Romeo Santos e o meu é Michael Jackson. No final da entrada terão dois vídeos, caso queiram escutar um bocadinho da música dos dois artistas para o vosso desfrute.


Michael Jackson foi um artista musical reconhecido mundialmente como o Rei do Pop, que nasceu no ano de 1958 e morreu com 50 anos, a 25 de junho, há quase seis anos, em 2009. Foi uma pessoa que deixou este mundo tendo contribuído muito para o mundo da música e da dança, bem como para a humanidade. Foi uma figura cultural importante durante as mais de quatro décadas que durou a sua carreira musical. Também se tornou famoso pela sua controversa vida pessoal e social.

Michael Jackson começou a sua carreira musical em meados da década de 1960, com The Jackson Five, grupo que compartilhava com seus irmãos mais velhos. Este grupo musical catapultou-os para a fama, convertendo Michael num dos jovens mais aclamados do momento. Depois de ter feito parte do grupo durante dez anos, até 1975, Michael decidiu começar a sua carreira musical a solo já em 1971. Desde então, editou onze álbuns, alguns de grande sucesso como Off the Wall (1979), Bad (1987), Dangerous (1991) ou HIStory: Past, Present and Future, Book I (1995), que figuram como os álbuns mais vendidos de todos os tempos. Mas nenhum supera a fama e sucesso de Thriller (1982), que ainda hoje continua sendo o álbum mais vendido da história da música. Ainda que o estilo musical no qual se destacou tenha sido o Pop, também o rock, o R&B, o disco ou o dance faziam parte do seu repertório.

Michael foi incluído no Livro Guinness dos Recordes. Possui o recorde do artista mais galardoado da história da música, com mais de 400 prémios, entre os que se contam 15 prémios Grammy e 26 American Music Awards. Mas Jackson não se destacava só pelo seu talento musical, mas também  pelas suas obras humanitárias, já que doou muito dinheiro a estas. Nos anos 1993 e 2003 viu-se envolvido em duas acusações de pederastia que marcaram de forma negativa a sua carreira pessoal e profissional. Estas acusações vieram a ser consideradas infundadas meses após a morte do cantor, e antes de começar “This Is It”, a que seria a sua última digressão mundial e a sua grande despedida.


Mas sem dúvida alguma foi uma grande despedida, tendo deixado um grande sentimento de perda. Apesar de ter morrido, ele continua a somar sucessos mundiais, através de seus discos póstumos e do legado que tem deixado, que viverá eternamente. Michael Jackson é meu músico favorito não só pela sua música e pelo seu ritmo contagiante, mas também porque realmente acho que era uma pessoa maravilhosa. Para honrar a Michael Jackson é necessário celebrar as coisas que o faziam humano e as que o faziam parecer de outro mundo, porque Michael era fama e isolamento, sentsibilidade e espírito, triunfo e tragédia, dedicação e magia. Para mim, ele era todas essas coisas ao mesmo tempo.


Seguimos agora com o artista Romeo Santos, o preferido da Cristina. Este cantor consagrou-se como o rei dentro do seu estilo musical: a bachata. A bachata nasceu nos anos 1960 na República Dominicana e combina o bolero com outros estilos musicais como o cha-cha-cha ou o tango. É muito dançado por todo o mundo, mas principalmente na América do Sul.

Romeo Santos começou na música num grupo chamado Aventura em meados dos anos 1990, como cantor, juntamente com o seu primo Lenny. Rapidamente ficaram conhecidos e reuniram muitos fãs por todo o mundo graças aos seus êxitos, especialmente a uma canção chamada “Obsesión”. Desta maneira, puderam vender muitos discos ao mercado. No ano 2011 o grupo separou-se e Romeu Santos começa a sua carreira a solo.

Até  hoje Romeu Santos cresceu como artista é agora ainda mais conhecido por muita gente, que gosta imenso da sua música e de dançar ao ritmo da bachata. Um dos seus últimos êxitos, “Propuesta Indecente”, alcançou a posição número 1 nas classificações de Hot Latin Songs e Tropical Songs.

Como podem ver, ainda que sejam artistas muito diferentes, ambos têm muita fama por serem grandes profissionais do panorama musical atual e passado. A música deles é aclamada e valorizada por muitos especialistas da área da música, que os reconhecem como cantores especiais, que deixarão rasto ainda por muitos anos adiante.


Michael Jackson - Man in the Mirror


Romeo Santos - Propuesta indecente

sexta-feira, 20 de março de 2015

Hábitos e modos de vida da juventude (grupo 4)



Neste artigo vamos escrever sobre os hábitos e os modos de vida da juventude, centrando-nos principalmente no desemprego e nas suas consequências.

Em primeiro lugar, gostávamos de dizer que o conceito de “juventude” tem-se construído, como objeto de estudo, atendendo a distintas perspetivas: psicológicas, pedagógicas, sociológicas, etc. Os resultados de muitos estudos apontam para graves problemas nos os jovens, como o abuso de álcool e o consumo de drogas, o fracasso escolar, gravidezes não desejadas no caso das meninas, etc. Ou seja, uma série de problemas que afetam não somente os jovens, mas também pais e professores, portanto, são problemas que passam a ser parte da sociedade atual.


Por um lado, é preciso termos em conta a idade. De acordo com Lloret (1998), “ os anos nos têm e nos fazem crianças, jovens, adultos ou velhos, e pertencer a um grupo de idade significa ter que se adequar a um conjunto de coisas que podemos ou não fazer”. A idade é, portanto, somente um conjunto de anos que vamos juntando num processo linear, mas que determina expetativas e comportamentos. Além disso, é importante termos em conta as condições sociais em que vive a juventude. No que respeita ao desemprego, em Espanha há atualmente perto de 900 000 jovens desempregados, o que representa um passo para a frustração e o desânimo.

Importa dizer que não há muitas diferenças entre Espanha e Portugal no que respeita às taxas de desemprego. Segundo um estudo recente, Portugal é o segundo país da União Europeia com maior desemprego, depois de Espanha. O desemprego em Portugal alcança os 15 % e em Espanha os 23 %, aproximadamente. Estes dados estatísticos de desemprego não afetam apenas os adultos, mas também a juventude, já que destroem muitas ilusões que os jovens têm para com o futuro, como a independência económica ou a formação de uma família estável. O conflito muitas vezes é claro: as empresas buscam gente jovem muito qualificada e com experiência, e os jovens, em muitas ocasiões, não cumprem essas condições, pelo que se fecham muitas portas para eles. Para que a juventude não caia no desânimo, seria bom incentivar as empresas para que contratem gente nova. Segundo uma notícia recente, a UE tem previsto investir 6 000 milhões de euros até 2020 para reduzir o desemprego jovem.

Como conclusão, é importante destacar que é preciso que os agentes sociais e económicos façam um esforço para motivar aos jovens a continuarem a sua formação, quer estudando na universidade ou, no caso de não quererem, facilitar-lhes a sua inclusão no mercado de trabalho. É um objetivo muito complicado, mas é preciso garantir as mesmas oportunidades para a juventude, independentemente da sua condição económica ou social. Desta maneira, evitar-se-á que caiam na desesperança e, assim, podem, se quiserem, começar a construir o seu futuro tanto a nível profissional como pessoal.



Bibliografia:

- Cintra, L. / Cunha, C. (1984). Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Sá da Costa.

- Conjuga-me: Conjugação de verbos regulares e irregulares, [em linha] [disponível na Internet] URL: http://www.conjuga-me.net/.

- Dicionário Priberam, [em linha] [disponível na Internet] URL: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx.

- Lloret, Caterina (1998). «As outras idades ou as idades do outro» In Jorge Larrosa e Nuria Pérez de Para (org.). (1998) Imagens do outro. Petrópolis: Vozes. [disponível na Internet] URL: http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3215902.


quarta-feira, 18 de março de 2015

Paiva Couceiro: desde o exílio na Galiza até à cidade do Porto

Numa entrevista a Xosé Ramón Pena, realizada em 2008 pelo diário La Opinión Coruña, o filólogo galego assegurava que, durante a Guerra Civil espanhola, Portugal estudou a possibilidade de anexar a Galiza. Segundo o escritor galego, Rolão Preto, peça chave para a criação do movimento Integralismo Lusitano, tinha aconselhado Salazar a aproveitar o caos administrativo existente durante a Guerra Civil espanhola. Segundo parece, houve mesmo um plano de ação que estudou a possibilidade de levar a cabo essa anexação.
O Integralismo Lusitano era um agrupamento sócio-político tradicionalista do Portugal de começos do século vinte, partidário da restauração da monarquia, que esteve ativo e influente desde 1914 até 1932, em oposição à República Portuguesa de 1910 e ao posterior Estado Novo de Salazar. Sem chegar a considerar ou julgar ideologias políticas, o que nos chamou a atenção fui o fato da Galiza ter servido de refúgio, exílio e base de operações a importantes figuras do Integralismo Lusitano nestas primeiras décadas do século vinte; figuras como o próprio Rolão Preto ou mesmo o seu amigo e mentor político, Henrique Paiva Couceiro.
Dentro do Integralismo, o qual se inscrevia numa ideologia nacional-sindicalista, foi o militar e político Paiva Couceiro o  principal responsável por planear a restauração da monarquia portuguesa  e de chegar inclusive a conseguir a sua instauração à base de teimosia, ainda que só durante 25 dias. Refugiado na vila pontevedresa de Tui, Couceiro reorganizou um pequeno grupo de militares partidários da monarquia, realizando assim diversas incursões ao território português, entre 1911 e 1919.
Paiva Couceiro, imagem da Wikipédia 
Couceiro tinha-se notabilizado nas campanhas coloniais de ocupação em Angola e Moçambique, chegando a ser o único oficial português a ser agraciado com três graus da Ordem Militar da Torre e Espada, pelo valor, lealdade e mérito, tendo sido também proclamado benemérito da pátria. Depois do exílio do rei D. Manuel ll, logo após a implantação da República, Couceiro não reconhece as eleições de 1911. Numa carta enviada a Rolão Preto, em 1910, Couceiro assegura que no país não existem “nem crenças, nem fé”; a confusão na política portuguesa permite “frivolidades correndo ao gozo” e “plutocratas tratando da vida”, enquanto a consciência social portuguesa se desvanece. Notoriamente pouco susceptível a pusilanimidade, Couceiro não desistiu dos seus ideais de progresso e grandeza para o povo português. Reúne as suas tropas em 1911 e, logo após tomar Chaves a 4 de outubro, é derrotado pelas forças republicanas, muito superiores em número e melhor equipadas. Esta derrota obriga-o ao exílio na Galiza.
Esta contra-revolução monárquica, que contava com a simpatia dos conservadores da região Norte de Portugal, conseguiu subverter as instituições do território que ia do Minho à linha do Vouga, depois de realizar a sua última incursão em 1919. Em nome do rei D. Manuel II de Portugal, exilado na Grã-Bretanha, ela restaura a Carta Constitucional de 1826, proclamando, assim, a restauração da monarquia na cidade do Porto, a 19 de janeiro. Couceiro foi presidente da junta governativa desta chamada Monarquia do Norte, sendo ativamente apoiado pelos líderes integralistas. Este efémero regime, que durou até 13 de fevereiro, revogou toda a legislação republicana e restaurou a bandeira e o hino monárquicos. Não obstante, logo teria de enfrentar a carência de apoios fundamentais por parte da política, do exército e da sociedade portuguesa, tendo de abandonar as suas pretensões a favor da República.

Quem foi Cristóvão Colombo?



Cristóvão Colombo descobriu América no ano de 1492. Este fato, mundialmente conhecido, é totalmente verdadeiro e muito difícil de ser negado. Pelo contrário, outras informações relativas à vida pessoal do navegador, como por exemplo o seu lugar de nascimento, ficaram por esclarecer e, até hoje, foram alvo de diferentes hipóteses, que não conseguiram, no entanto, encontrar os documentos ou as provas necessárias para fazer dum conto uma história real.

Uma dessas hipóteses (talvez a mais conhecida), apoiando-se num escrito oficial encontrado no “Archivo de Simancas” e numa afirmação do escritor Pedro de Ayala, defende que Colombo era de origem genovesa. Outros estudos defendem que ele era catalão, galego e mesmo português, tendo em conta a análise dos seus escritos em língua castelhana. A proximidade destas línguas romances no século XV torna difícil a tarefa de assinalar uma procedência exacta aos achados linguísticos que contêm os escritos de Colombo, pelo que a sua língua materna poderia ser qualquer uma das três. Não obstante, de que falaremos a seguir vieram a sobrepor a hipótese galega sobre as restantes. A primeira prova advém do próprio apelido do explorador: ainda que existissem outros apelidos semelhantes noutras nações, o apelido `Colón´ só existia na província de Pontevedra, na Galiza. A segunda prova apoia-se nos nomes que receberam os lugares que ele foi baptizando e que coincidem com mais de duzentos topónimos das Rias Baixas: só um grande conhecedor dessa ria poderia fazer uso desses nomes assim.

Sabia-se que Colombo era um importante nobre, recebido pelos reis de Espanha e de Portugal antes e depois de a América ter sido descoberta. Com esta ideia em mente, o historiador viguês Alfonso Philippot começou a investigar o assunto, até que no ano 1977 encontrou evidências de um nobre que cujas semelhanças com a figura de Colombo eram evidentes: o seu nome era Pedro Madruga. As semelhanças falam por si. Em 20 de janeiro de 1486 Colombo visita os reis católicos  para lhes expor o seu projeto de atravessar o oceano Atlântico em busca das Índias; há documentação oficial que diz que Pedro Madruga estava naquele dia, na mesma hora, no mesmo lugar e no mesmo barco perante Isabel e Fernando.  Além disso, segundo a informação obtida pelo historiador viguês, Pedro Madruga morre nesse mesmo ano, isto é, quase seis anos antes do descobrimento da América. Mas o nobre não aparece morto, não é enterrado, nem é reclamado pela família: simplesmente desaparece. Mesmo apesar de ele 'ter morrido', cerca de 100 documentos reclamam-no como se estivesse vivo até o ano  de 1506, que é quando morre Colombo. Também há testemunhos do interesse que o Colombo tinha pela mulher e o filho de Pedro.

Uma explicação para esta mudança de identidade terá a ver com motivos políticos: Pedro lutara com os reis de Portugal contra Castela. O nobre, por ter sido um grande inimigo da Coroa, não podia receber publicamente os favores dos reis católicos. Não obstante, como ele conhecia os segredos da navegação portuguesa, que os reis católicos de Castela tanto desejavam, teve de receber um novo nome para iniciar a sua expedição. E foi assim que um galego fez uma descoberta importante sem ter sido reconhecido como tal.

terça-feira, 10 de março de 2015

A gastronomia portuguesa



Neste artigo vamos escrever sobre gastronomia portuguesa e algumas receitas típicas de Portugal. A gastronomia portuguesa pode enquadrar-se na cozinha mediterrânea, que tem como alimentos básicos o pão, o vinho e o azeite. Aliás, a gastronomia portuguesa recebe influências das ex-colónias portuguesas de Ásia, África e do Brasil, nomeadamente no uso das especiarias, como a pimenta e a canela.

Em primeiro lugar, o pão é um alimento muito básico na cozinha portuguesa. Normalmente é feito com milho e não somente com farinha de trigo. O pão faz parte de receitas típicas portuguesas como o “torricado” e as “migas à alentejana”. Os pães mais conhecidos possivelmente sejam a fogaça e as “caralhotas” de Almeirim. Além disto, no norte de Portugal costuma falar-se das bolas, que são pães recheados de carne picada. O azeite é também um alimento essencial na gastronomia portuguesa. Normalmente o seu uso é destinado a assar carne e peixe, mas também é utilizado em saladas. Atualmente, em Portugal há seis denominações de origem protegida de azeite. Quanto aos vinhos, destacam-se os vinhos verdes do norte, o vinho do Porto, feito na região demarcada do Douro, e o Moscatel de Setúbal, procedente da região de Setúbal, que cobre também parte de Sesimbra.



Por outro lado, os pratos mais típicos de Portugal são o cozido à portuguesa, a feijoada, as migas à alentejana e o bacalhau, prato que se pode preparar de muitas maneiras. O cozido à portuguesa prepara-se com diferentes vegetais e legumes cozidos (feijões, batatas, cenouras) e com algumas carnes, geralmente de vaca ou porco (entrecosto), mas também pode fazer-se com frango. Quanto à feijoada, prepara-se com feijões e carne de porco, normalmente salgada. Este prato costuma acompanhar-se com arroz e laranjas. As “migas à alentejana”, como bem diz o seu nome, é um prato típico do Alentejo, uma região situada no centro-sul de Portugal. O ingrediente principal neste prato é o pão, mas também pode preparar-se com carne de porco salgada, toucinho e alho. Finalmente, o bacalhau, como já dissemos anteriormente neste artigo, pode ser cozinhado de diversas maneiras: “bacalhau à Brás”, “pataniscas de bacalhau”, etc.



Em conclusão, importa dizer que a gastronomia portuguesa encontra-se dentro da dieta mediterrânea pela situação geográfica de Portugal e as tradições que costumam acompanhar os países do sul de Europa, isto é, um mimo especial e uma maneira diferente de tratar a comida relacionada com a cultura. Esta cultura gastronómica é distinta de outras, por exemplo, a dos países nórdicos, já que no Mediterrâneo se podem encontrar propostas não só gastronómicas, mas também turísticas.

Se forem bons garfos como nós, podem pesquisar nesta página e encontrarão um monte de receitas portuguesas.


Bibliografia:
Cintra, L. / Cunha, C. (1984): Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa: Sá da Costa).
Dicionário Priberam, [em linha] URL: < http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx>.
Conjuga-me: conjugação de verbos regulares e irregulares, [em linha] URL: < http://www.conjuga-me.net/>.
“Receitas e Menús. net” URL: <http://www.receitasemenus.net> (consultada a 27 de fevereiro de 2015).


O Entrudo: Portugal e Galiza

Por: 
 Gabriel Ares Cuba 
 Sara Cambeiro Vázquez 

Hoje vamos falar dos entrudos no norte de Portugal. Há pouco que foi a época de entrudos e decidimos fazer uma escolha dos mais interessantes para lembrarmos esta celebração. Para além disto, vamos conectar esta tradição portuguesa com a correspondente galega. Falaremos da zona de Trás-os-Montes (entrudo de Podence, entrudo de Lazarim, e entrudo de Vinhais). 

A zona de Trás-os-Montes é uma região histórica portuguesa fronteiriça com a Galiza e com Castela e Leão. Esta região conta com quatro distritos: o Distrito de Vila Real (catorze municípios), o Distrito de Bragança (doze municípios, entre os quais estão Vinhais e Macedo de Cavaleiros, onde se situa Podence), Distrito de Viseu (vinte e quatro municípios, entre os quais está Lamego, onde se situa Lazarim) e Distrito de Guarda (com catorze municípios). 

A ação dos diabos de Vinhais já não produz hoje os efeitos temidos de outrora, quando as raparigas não se atreviam a sair à rua. O ritual de castigo e correrias pelas ruas da vila é hoje uma manifestação tímida e cada vez mais incerta, com não mais do que uma dezena de mascarados. Os trajes destes mascarados são duma cor vermelha muito intensa e capaz de aterrorizar as pessoas. É um vestido muito simples que pode ir acompanhado com um pau,  o qual usam para ameaçar. 

Mas, em Podence, pequena aldeia situada a poucos quilómetros de Macedo de Cavaleiros, a tradição está de boa saúde e conserva ainda uma boa parte da licenciosidade «selvagem» que sempre a caracterizou. Os dias grandes da festa são o Domingo Gordo e Terça-feira Gorda e os Caretos só param para matar a sede ou para combinarem mais uma arremetida sobre a Praça da Capela, a pequena praça da aldeia onde todos assistem ao ritual. 


Em Lazarim, o Entrudo é uma festa local, quase privada, cuidadosamente preparada nas semanas que a antecedem. O ponto alto é a leitura pública das «deixadas», testamentos que falam sobre os rapazes e as raparigas da aldeia. Jocosos, trocistas e irónicos, são preparados em segredo pelos mais novos, que muitas vezes recorrem à sabedoria e conhecimento dos mais velhos, repetindo a tradição. Os testamentos são lidos pelos mascarados (para que as vítimas citadas não reconheçam os autores das diabruras) e ouvidos pela população, em silêncio.


Mas a festa não fica completa sem o Desfile de Caretos, o Concurso de Máscaras (feitas em madeira pelos artesãos locais) e a Queima dos Compadres - o compadre e a comadre, dois bonifrates cheios de pólvora e que, na terça-feira, põem ponto final à festa e à rivalidade que durante várias semanas opôs rapazes e raparigas. Fundamentais são também as refeições cerimoniais à base de carne de porco, que marcam o inicio do período de abstinência da Quaresma. 

Na Galiza, os Cigarróns, que são personagens mascarados e adornados (como em Verín), as Pantallas que chateiam  os viandantes com duas bexigas cheias de ar (muito comum no Entrudo de Xinzo da Limia), os distintos Peliqueiros (como em Laza), personagens que se distinguem pela sua animalização: não falam, levam chocalhos como os animais, azorragam às pessoas e levantam a saia às mulheres. Animais como uma vaca, um burro ou um galo, sejam reais ou simulados, simbolizam o Entrudo em si e intervêm na festa, quer para serem burlados e escarmentados, quer para atuar activamente fazendo falcatruas. 


Para finalizarmos, podemos dizer que os entrudo do norte de Portugal têm rasgos em comum com os da Galiza como, por exemplo, o terror, o acosso e o uso de imagens demoníacas.

Bibliografia:

Nascimento da língua portuguesa

Hoje, no nosso blog, eu e a Cristina vamos falar um bocadinho da cultura portuguesa, concretamente do momento da separação do galego-português e do nascimento da língua portuguesa como uma só língua. 



O nascimento da língua portuguesa remonta à época romana, nas antigas províncias da Lusitânia e da Galécia, onde se falava uma única língua: o galego-português. O galego-português foi a língua do norte de Portugal e da Galiza durante muitos anos, mas depois, com a Reconquista, foi-se expandindo para o centro e sul de Portugal. Nesta etapa, entrou em contato oral com outras línguas da Península, como por exemplo, os dialetos moçárabes, mas o latim permanecia ainda como língua escrita. Os registos mais antigos duma língua portuguesa diferente já se apreciavam em documentos administrativos do século IX e começava, assim, uma separação lenta e em progresso das duas línguas.

Foi com o Rei Afonso I que Portugal se converteu num reino independente no ano 1143, e o idioma vernáculo escrito passou gradualmente a um uso geral. A separação política entre Portugal e a Galiza permitiu que as duas regiões se desenvolvessem em direções opostas. Anos mais tarde, com o rei D. Dinis, no ano 1290, construiu-se a primeira universidade portuguesa em Lisboa, fazendo assim com que o português fosse utilizado tanto oralmente como na escrita, em vez das línguas clássicas. A partir desta mudança, também se começou a formalizar o seu uso no âmbito administrativo, e a língua, que antes se conhecia como “língua vulgar”, passou a ter o reconhecimento de “língua portuguesa”, com uma tradição literária própria e com a primeira gramática da língua portuguesa.

Assim, podemos dizer que até aproximadamente ao ano 1350 o galego-português permaneceu como língua nativa da Galiza e Portugal, mas a partir do século XIV o português tornou-se uma língua madura, com uma tradição literária riquíssima. Esta riqueza passou o oceano e o português assentou em grande parte da América do Sul, mas experimentou certas mudanças, que deram lugar ao português do Brasil. Nesta época, também o galego se viu cada vez mais influenciado pelo castelhano e, pouco a pouco, foi perdendo poder. Não obstante, continua a ser uma língua grande e poderosa, já que é muito falada e digna de admiração.

terça-feira, 3 de março de 2015

A música portuguesa contemporânea: para além do fado e do pimba

Há já alguns anos, mais precisamente em 2008, este artigo no blogue Babel 2.0, um blogue escrito em castelhano sobre línguas e novas tecnologias, que depois originou este artigo no meu blogue pessoal, fazia-me questionar sobre os motivos pelos quais há tanto desconhecimento sobre a diversidade da cultura portuguesa fora de Portugal. Este desconhecimento existe quer atravessemos o Atlântico, quer atravessemos a fronteira até Espanha. A verdade é que a proximidade não garante a troca de experiências culturais. 

No ano de 2011, numa oficina de lexicografia computacional, na Áustria, num ambiente multicultural e multilingue, numa conversa sobre cultura e estereótipos nacionais, uma austríaca falava-me sobre as referências que tinha sobre a música portuguesa. Falou-me de fado e da Mariza. Há dias, numa aula de Português num mestrado, perguntei aos alunos que referências musicais tinham de Portugal. A resposta foi Quim Barreiros e fado. Esta semana, como que para trazer de volta a discussão que o artigo do blogue Babel 2.0 despertou em 2008, e para confirmar os meus medos, a Sílvia e a Sónia escreveram um artigo sobre música portuguesa, mencionando o fado e a música pimba. 

Este facto não teria importância se não fosse tão recorrente. E é essa recorrência que incomoda. Não saberia encontrar, hoje, razões objetivas para o facto de Portugal ter como imagem, fora de portas, o fado e a música pimba, mas este é um assunto que deveria merecer alguma atenção por parte de todos os agentes culturais que têm por missão divulgar o que de melhor se faz em Portugal. Pergunto-me se outros professores portugueses fora de Portugal se deparam com estas mesmas ocorrências. Pergunto-me ainda se o mesmo se passa com professores de outros países.

Sabemos que um dos maiores promotores de cultura são os meios de comunicação social. Se é verdade que a radiodifusão pública portuguesa (RDP) tem tido um papel importantíssimo na divulgação do património cultural português e de língua portuguesa, eu pergunto-me por que razão a televisão (RTP) não tem tido o mesmo papel. Custa-me ouvir constantemente, nos canais da televisão pública, na RTP Internacional, por exemplo, o mesmo género musical repetido até à exaustão. Não me interpretem mal, não tenho nada contra a música pimba ou contra o fado, simplesmente valorizo a diversidade e acredito que a qualidade deve ter tempo de antena privilegiado. Se queremos acompanhar a cultura portuguesa contemporânea, em toda a sua diversidade e qualidade, temos de sair dos meios de comunicação tradicionais. Não deveria ser assim. 

Pode servir de pouco trazer para este blogue alguma da música portuguesa contemporânea. Corro o risco de deixar de fora músicos e compositores portugueses brilhantes, mas pior seria não mencionar nenhum. Assim, aqui ficam alguns nomes, para todos os gostos. No fim, fica um vídeo do Tiago Bettencourt. 
           
A Naifa, Algodão, Amor Electro, Ana Moura, António Pinho Vargas, António Zambujo, Aurea, Boss AC, Buraka Som Sistema, Camané, Canto D’Aqui, Capicua, Capitão Fausto, Carlos do Carmo, Carminho, Clã, Coldfinger, Cool Hipnoise, Cristina Branco, Cuca Roseta, D.A.M.A., Da Weasel, David Fonseca, Dead Combo, Deolinda, Diabo na Cruz, Dulce Pontes, Emmy Curl, Fausto, Fingertips, First Breath After Coma, Frankie Chavez, Gomo, João Pedro Pais, Jorge Palma, Kika Santos, Kubik, Linda Martini,  Luísa Sobral, Madame Godard, Mão Morta, Marta Ren & The Groovelvets, Mayra Andrade, Miguel Araújo, Miguel Gameiro, Mind Da Gap, Mirror People,  Moonspell, Moullinex, Mundo Cão, Nightfalls, Norberto Lobo, Ornatos Violeta, Os Azeitonas, Paulo Gonzo, Pedro Abrunhosa, Peixe: Avião, Pete Sake, Primitive Reason, Ramp, Rão Kyao, Raquel Tavares, Rita Redshoes, Rodrigo Leão, Samuel Úria, Sara Tavares, Sean Riley & the Slowriders, Sérgio Godinho, Soulbizness, Susana Félix, Tara Perdida, Terrakota, The Gift, The Happy Mess, The Legendary Tigerman, The Loafing Heroes, The Soaked Lamb, The Weatherman, There Must Be a Place, Tiago Bettencourt, Toranja, Urban Tales, Vaga Lume, Vitorino, Xutos & Pontapés, You Can't Win, Charlie Brown.