terça-feira, 3 de março de 2015

A música portuguesa contemporânea: para além do fado e do pimba

Há já alguns anos, mais precisamente em 2008, este artigo no blogue Babel 2.0, um blogue escrito em castelhano sobre línguas e novas tecnologias, que depois originou este artigo no meu blogue pessoal, fazia-me questionar sobre os motivos pelos quais há tanto desconhecimento sobre a diversidade da cultura portuguesa fora de Portugal. Este desconhecimento existe quer atravessemos o Atlântico, quer atravessemos a fronteira até Espanha. A verdade é que a proximidade não garante a troca de experiências culturais. 

No ano de 2011, numa oficina de lexicografia computacional, na Áustria, num ambiente multicultural e multilingue, numa conversa sobre cultura e estereótipos nacionais, uma austríaca falava-me sobre as referências que tinha sobre a música portuguesa. Falou-me de fado e da Mariza. Há dias, numa aula de Português num mestrado, perguntei aos alunos que referências musicais tinham de Portugal. A resposta foi Quim Barreiros e fado. Esta semana, como que para trazer de volta a discussão que o artigo do blogue Babel 2.0 despertou em 2008, e para confirmar os meus medos, a Sílvia e a Sónia escreveram um artigo sobre música portuguesa, mencionando o fado e a música pimba. 

Este facto não teria importância se não fosse tão recorrente. E é essa recorrência que incomoda. Não saberia encontrar, hoje, razões objetivas para o facto de Portugal ter como imagem, fora de portas, o fado e a música pimba, mas este é um assunto que deveria merecer alguma atenção por parte de todos os agentes culturais que têm por missão divulgar o que de melhor se faz em Portugal. Pergunto-me se outros professores portugueses fora de Portugal se deparam com estas mesmas ocorrências. Pergunto-me ainda se o mesmo se passa com professores de outros países.

Sabemos que um dos maiores promotores de cultura são os meios de comunicação social. Se é verdade que a radiodifusão pública portuguesa (RDP) tem tido um papel importantíssimo na divulgação do património cultural português e de língua portuguesa, eu pergunto-me por que razão a televisão (RTP) não tem tido o mesmo papel. Custa-me ouvir constantemente, nos canais da televisão pública, na RTP Internacional, por exemplo, o mesmo género musical repetido até à exaustão. Não me interpretem mal, não tenho nada contra a música pimba ou contra o fado, simplesmente valorizo a diversidade e acredito que a qualidade deve ter tempo de antena privilegiado. Se queremos acompanhar a cultura portuguesa contemporânea, em toda a sua diversidade e qualidade, temos de sair dos meios de comunicação tradicionais. Não deveria ser assim. 

Pode servir de pouco trazer para este blogue alguma da música portuguesa contemporânea. Corro o risco de deixar de fora músicos e compositores portugueses brilhantes, mas pior seria não mencionar nenhum. Assim, aqui ficam alguns nomes, para todos os gostos. No fim, fica um vídeo do Tiago Bettencourt. 
           
A Naifa, Algodão, Amor Electro, Ana Moura, António Pinho Vargas, António Zambujo, Aurea, Boss AC, Buraka Som Sistema, Camané, Canto D’Aqui, Capicua, Capitão Fausto, Carlos do Carmo, Carminho, Clã, Coldfinger, Cool Hipnoise, Cristina Branco, Cuca Roseta, D.A.M.A., Da Weasel, David Fonseca, Dead Combo, Deolinda, Diabo na Cruz, Dulce Pontes, Emmy Curl, Fausto, Fingertips, First Breath After Coma, Frankie Chavez, Gomo, João Pedro Pais, Jorge Palma, Kika Santos, Kubik, Linda Martini,  Luísa Sobral, Madame Godard, Mão Morta, Marta Ren & The Groovelvets, Mayra Andrade, Miguel Araújo, Miguel Gameiro, Mind Da Gap, Mirror People,  Moonspell, Moullinex, Mundo Cão, Nightfalls, Norberto Lobo, Ornatos Violeta, Os Azeitonas, Paulo Gonzo, Pedro Abrunhosa, Peixe: Avião, Pete Sake, Primitive Reason, Ramp, Rão Kyao, Raquel Tavares, Rita Redshoes, Rodrigo Leão, Samuel Úria, Sara Tavares, Sean Riley & the Slowriders, Sérgio Godinho, Soulbizness, Susana Félix, Tara Perdida, Terrakota, The Gift, The Happy Mess, The Legendary Tigerman, The Loafing Heroes, The Soaked Lamb, The Weatherman, There Must Be a Place, Tiago Bettencourt, Toranja, Urban Tales, Vaga Lume, Vitorino, Xutos & Pontapés, You Can't Win, Charlie Brown.

2 comentários:

  1. Olá, Patrícia:

    Acabo de ler o artigo e gostava de te dizer que concordo contigo. Não tenho conhecimento de como veem outros países/ outras comunidades esta questão, mas na Galiza, infelizmente e de maneira geral, quando se nos pergunta sobre "música típica portuguesa" o primeiro que se nos vem à cabeça é o fado, e o pimba, possivelmente já em gerações mais novas. Isso mesmo foi o que nos aconteceu a nós quando escrevemos o artigo, quando na realidade em Portugal há numerosos géneros musicais.

    Para o caso, eu gostava também no artigo de escrever sobre fado porque já "conhecia" a Maria do Céu, já que tem cantado em muitos programas musicais na Galiza, e também "conhecia" a Quim Barreiros pela sua popular canção "A cabritinha".

    Um abraço,
    Sílvia

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  2. Temos de mudar a imagem da música portuguesa fora de portas. As aulas de Português e o blogue são um pequenino passo, eu espero. :)

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