sexta-feira, 15 de maio de 2015

Hábitos e modos de vida da juventude

"Ao encorajar as pessoas a conectar mais aparelhos, o que vai acontecer ao antigo contacto humano  de cara a cara?"
"Encontrei uma aplicação para isso ontem..."

Os hábitos de vida mudaram consideravelmente nos últimos tempos por causa da globalização e das mudanças que ela acarreta consigo. O século XXI veio carregado de novidades muito práticas para alguns, mas desconcertantes e desumanizadoras para outros. É que nem toda a gente está a favor de mudar os seus costumes por outros tão questionáveis como os costumes modernos, que parecem ser uma ajuda ao princípio, mas logo depois se convertem numa necessidade que pouco a pouco vai afastando a qualquer pessoa daquilo que de verdade importa na vida.
Uma maneira de perceber com claridade esta mudança que veio a acontecer nas últimas décadas é olhando as diferenças que há entre as pessoas mais velhas e os jovens. Hoje, poder-se-ia dizer que existe uma barreira quase intransitável entre avós e netos: nem um ancião compreende muito bem o que o seu neto faz, nem o rapaz ou rapariga sabe porque é que os seus avós falam dessa maneira. A principal causa disto é a diferença de valores, que é prova da enorme diferença que há entre a actualidade e a época que lhes tocou viver. Antes, os avós tinham que trabalhar desde de manhã até à noite para sustentar a família inteira, com menos recursos e muitas mais dificuldades. Não havia uma saúde tão boa, nem uma oferta de trabalho tão grande, nem era tão fácil obter as coisas necessárias para o dia-a-dia. Tampouco havia infra-estruturas de transporte tão desenvoltas, e só umas poucas pessoas tinham a possibilidade de estudar. 
Parece que agora vivemos muito mais seguros, com mais comodidades e o tempo livre é maior do que antigamente. O certo é que a segunda metade do século XX estabeleceu mudanças muito positivas para a melhoria das condições de vida da gente, por comparação com aquelas tão difíceis de antigamente. Mas o desenvolvimento acelerado das novas tecnologias que surgiram nos finais do século XX e começos do século XXI veio acentuar de uma maneira negativa esta diferença natural existente entre pessoas de diferentes gerações. Fenómenos como as redes sociais ou o whatsapp mudaram as relações entre pessoas até ao ponto de separar jovens de anciãos dentro de cada nação como se pertencessem a culturas diferentes, com diferentes línguas. 
Estas modernidades, embora sejam coisa da juventude, não resultam estranhas apenas aos olhos das pessoas mais velhas. Às vezes, são os próprios jovens que se surpreendem quando dão com uma nova invenção, criada para  uso recreativo ou para fazer a vida mais fácil do que já é. Isto é um sinal claro de que as tecnologias estão a ocupar mais espaço do que elas deveriam na vida das pessoas. Mas, quantos são aqueles que se sentem atraídos pela novidade e quantos são os que as desprezam? Que percentagem da juventude se limita a fazer uso de todos estes aparelhos sem refletir e quantos são aqueles que questionam o seu valor material e moral?
Acho que poucos são os que rejeitam por completo o uso destas tecnologias em comparação com aqueles que as usam sem pensar que talvez sejam vítimas delas e da sua desumanização. E não há muita gente que pense antes de comprar se vale a pena gastar dinheiro em aparelhos que custam mais do que manter uma família por meses para logo ficarem estes em desuso ou perderem o seu valor em muito pouco tempo. O tempo também deve ser considerado: às vezes ganhamos tempo, como quando escrevemos um trabalho no computador, para depois perder muito mais nas redes sociais. Há que apreender a dar o valor que cada coisa merece e isso pode-se conseguir refletindo e prestando alguma atenção aos conselhos dos anciãos. Eles sabem melhor do que nós o que em verdade é necessário e o que não o é, e que piores tempos podem voltar.
Thoreau, na sua obra intitulada Walden, falava das necessidades do ser humano e de como estas mudaram com o passar do tempo. Para explicá-lo mencionava uma história do naturalista Darwin, o qual contava que "em sua equipe os homens bem vestidos sentiam frio sentados junto a uma fogueira, enquanto os selvagens da Terra do Fogo que se encontravam nus à distância, para surpresa geral, "suavam em bica padecendo tal churrasco". A seguir, o escritor norte-americano fazia a seguinte reflexão: "será impossível combinar a resistência física dos selvagens com a intelectualidade dos civilizados?"

Sem comentários:

Enviar um comentário

Este blogue é um espaço de aprendizagem. Foi criado para permitir a criação e partilha de conteúdos com o objetivo de desenvolver as capacidades comunicativas dos alunos em língua portuguesa. Por esse motivo, os comentários com conteúdo abusivo ou insultuoso serão eliminados.
Não cause dano.