Imagem: http://www.apsep.org
A APSEP (Associação de Profissionais da Saúde Espanhóis de Portugal) publicava em 2007 uns dados que mostravam que cerca de 3.000 médicos de Saúde pública portuguesa eram espanhóis, dos quais 1.200 eram galegos. O maior fluxo de pessoal produziu-se entre os anos 1998 e 2004, e teve a ver com as dificuldades de acesso ao trabalho e formação que existem para os médicos na Espanha. Em 1999, uma empresa galega, a Cosaga, começou mesmo a administrar clínica e financeiramente o hospital trasmontano de Valpaços.
Hoje em dia, e apesar de as condições não serem tão favoráveis como há dez anos, muitos médicos continuam a preferir o sistema português, e ainda há uns 700 médicos galegos trabalhando no país luso, a maior parte dos quais continua a viver na Galiza e cruza a fronteira todos os dias. Os profissionais de Saúde são unânimes em afirmar que Portugal, não obstante pagar menos aos médicos do que a Espanha (uns 1000 euros concretamente), oferece ao pessoal médico melhores condições de trabalho. A possibilidade de aceder a uma vaga fixa com um contrato indefinido atrai muito médicos espanhóis, que têm de enfrentar a instabilidade do sistema espanhol, onde a maioria dos contratos são temporários.
Enquanto o sistema de Saúde espanhol está saturado e não oferece vagas suficientes, no português ocorre o caso oposto: há lugares, como as povoações do Norte do país, ou as zonas do Algarve e o Alentejo, onde não se preenchem as vagas requeridas pelos Centros de Saúde. Segundo o presidente da associação (APSEP), o galego Xoán Gómez Vázquez, a falta de mobilidade dos médicos portugueses, que preferem trabalhar nas grandes cidades, é outro dos motivos para que não sejam cobertas todas as vagas. Os médicos portugueses também optam por emigrar para países como a Inglaterra ou a França onde os salários oferecidos são muito maiores que em Portugal.
A privatização da Saúde que se está a viver na Espanha não só está a afetar os médicos, mas também os estudantes de Medicina. Muitos deles encontram sérias dificuldades para se especializarem, uma vez que na Espanha quase não há vagas em determinadas especializações, tais como Pediatria ou Cirurgia Plástica, que são muito requisitadas e, portanto, decidem fazer a especialização em Portugal, onde sobram vagas.
Contudo, Portugal tão pouco se salva da má situação que está a viver a Saúde. Desde a implementação das medidas de austeridade no ano 2011, as condições deixaram de ser tão favoráveis. A carga fiscal que o Governo português está a realizar por meio da Segurança Social e dos impostos, ou com medidas como a Taxa de Solidariedade, fez diminuir consideravelmente o número de médicos que cruzam a fronteira. Um exemplo disto é a falta de cobertura das últimas 115 vagas para médicos de família, oferecidas este ano pelo Governo português em povoações do Norte, das quais 35 vão ficar sem cobrir, e para as quais só se apresentaram 7 médicos espanhóis.
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