Imagem: http://irreductible.naukas.com/
Quando em meados de 1997 a sonda espacial Sojourner enviou para a terra as primeiras imagens da superfície do planeta Marte, o empresário holandês Bas Lansdorp era ainda um estudante. Desde o momento em que as viu, ele soube que tinha um objetivo na vida: chegar a Marte de alguma forma. Lansdorp acabou por graduar-se em Ciências e Engenharia Mecânica, na universidade de Twente, e fundou uma empresa de energia eólica em 2008, a Ampyx Power. Três anos depois, venderia uma parte das suas ações para trabalhar no seu sonho. Hoje, com 38 anos, Lansdorp dirige o Projeto Mars One, uma associação não lucrativa que pretende criar uma colónia auto-suficiente e permanente em Marte, com quatro pessoas, para 2025.
Desde a década de 1980, várias gerações de astronautas da NASA têm treinado para tal expedição ao planeta vermelho, que está prevista para 2030. Lansdorp não só quer antecipar-se à NASA, mas também que os seus exploradores não voltem. Esta iniciativa, que tem como objetivo enviar quatro colonos a cada dois anos, a partir de 2025, criando assim uma comunidade marciana, tão pouco conta com o financiamento de algum governo. Ela existe mediante o patrocínio de empresas e graças aos direitos de transmissão de documentários para a TV.
Para recrutar os futuros colonos, em 2011 Mars One lançou uma convocatória, recebendo mais de 200.000 solicitudes. Mediante questionários, um vídeo onde explicavam os seus motivos para se mudar ao planeta, e algumas provas médicas, foram selecionadas 705 pessoas.
O passo seguinte foi realizar entrevistas individuais e proporcionar aos candidatos uma tarefa a aprender. Os que passaram estas provas tiveram de responder a questões sobre a vida quotidiana e realizar uma prova psicológica. O estado mental dos participantes é muito importante, já que os selecionados vão ter de passar o resto da vida juntos num espaço reduzido, portanto, procura-se formar um grupo homogéneo com pessoas emocionalmente equilibradas.
Os 24 finalistas, que foram determinados no passado ano, receberam um contrato com Mars One, e tiveram de passar por um treino intensivo, que inclui três meses por ano de confinamento num habitat simulado, o estudo de disciplinas como física, biologia ou botânica, além de receberem uma instrução aeroespacial apropriada. Apenas os que superarem este treino terão sérias possibilidades de ir a Marte.
Este ano, vão-se determinar quem são os quatro eleitos, os quais deverão cumprir mais nove anos de treino rigoroso, durante os quais aprenderão a cultivar os seus próprios alimentos, a dar mantimento a unidades de suporte vital e a dar atenção e seguimento aos experimentos, além de se prepararem para assimilar psicologicamente o desafio.
Como é normal, são muitas as vozes que questionam a viabilidade de tal projeto. Existem inúmeros perigos, tais como a radiação cósmica, 200 vezes maior que na terra, a atrofia muscular e desmineralização óssea devido à ausência de gravidade bem como outros pequenos “detalhes”. A forma de produzir água e oxigénio também está a apresentar um problema, o qual os científicos de Mars One estão a tentar resolver, desenvolvendo uma forma de os extrair da água congelada que há no planeta.
Não obstante, no que todos os especialistas estão de acordo é que os problemas técnicos podem não ser nada em comparação com o problema da convivência dos colonos, daí a importância de encontrar o grupo de pessoas perfeito. Contando com os satélites que porão órbita, em 2018, a instalação duma estação espacial em Marte e a primeira viagem, a expedição terá um custo de 6.000 milhões de dólares, e estaria em perigo de não escolher bem aos futuros colonizadores de Marte.
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