A migração interna, quer dizer, quando uma pessoa muda duma região
para a outra mas dentro do próprio país em busca duma vida melhor,
é uma realidade cada vez mais presente na Espanha. Desde 2008 a
migração exterior e interior foi aumentando por causa da crise
económica do país até a atualidade.
Na minha vila muitas pessoas decidiram migrar para as cidades, com a
esperança de encontrar um trabalho que lhes proporcione estabilidade
económica necessária para poder viver dignamente e poder
desenvolver-se como pessoas. Porém, muitas vezes os resultados não
foram os esperados. Talvez não imaginassem ou não pensassem que a
maior parte dos trabalhos que oferecem as cidades requerem formação
específica e, também, experiência prévia. Não obstante, alguns
tiveram sorte, conseguiram um trabalho e puderam estabelecer-se na
cidade. A vida melhor que procuravam estava a fazer-se realidade. É
o caso duma amiga da minha mãe. Ela trabalhava numa loja de roupa
mas, com a crise, a loja fechou e não tinha dinheiro suficiente para
sobreviver. Então, decidiu viajar para a capital, Madrid, e buscar
ali um futuro melhor. Lá foi contratada para trabalhar como advogada
num gabinete, pois tinha feito a licenciatura ao mesmo tempo que
trabalhava na loja. Deste modo, alcançou uma profissão reconhecida
e pôde formar ali uma família.
Em contraposição, outras pessoas vieram à minha vila com a
intenção de fugir da agonia e do alvoroço das cidades. Buscavam
uma vida mais tranquila para as famílias e um novo meio em contato
com a natureza, longe da poluição das urbes. Lembro-me duma família
que começou uma nova etapa com os filhos; adoravam tudo o que antes
não tinham: a calma, falar com as pessoas na rua, a cultura própria,
os costumes, a natureza... Enfim, o modo de viver. O certo é que há
uma visível diferença entre uma cidade como Barcelona e uma vila do
centro de Galiza. Contudo, a adaptação deles foi muito rápida, e
em pouco tempo, abriram um negócio de restaurantes que teve um
considerável êxito entre os vizinhos. Os anos passaram e eles
conseguiram formar uma vida afastada da cidade e, também, uma
estabilidade económica num lugar que outros abandonavam pela mesma
razão.
Em síntese, nestas situações observamos dois tipos de migração
interior, do rural para a cidade e da cidade para o rural, com o
mesmo objetivo, ou seja, buscar uma vida melhor. A diferença está
no que cada pessoa considera como “vida melhor”. Não temos um
sentir comum, isto é, uns buscam a felicidade e a estabilidade num
meio saudável, fugindo do ruído e do stress da cidade e outros
correm para as cidades tentando cumprir os seus sonhos. Não
obstante, é verdade que em períodos complicados a urbe parece a
opção mais apropriada para buscar um futuro, já que oferece
multitude de oportunidades e serviços. Porém, considero que é
ótimo ter estas duas variantes para que nenhuma zona fique sem
habitantes. A vida nas vilas e aldeias, junto com os trabalhos na
agricultura ou no comércio, são tão necessários como os que se
realizam na cidade. Nem sempre onde há mais oportunidades é onde
está a solução. “ A cidade maior está dentro da nossa mente”.
Fonte: Pinterest |
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