terça-feira, 10 de maio de 2016

Buscando a felicidade numa vida melhor

A migração interna, quer dizer, quando uma pessoa muda duma região para a outra mas dentro do próprio país em busca duma vida melhor, é uma realidade cada vez mais presente na Espanha. Desde 2008 a migração exterior e interior foi aumentando por causa da crise económica do país até a atualidade.
Na minha vila muitas pessoas decidiram migrar para as cidades, com a esperança de encontrar um trabalho que lhes proporcione estabilidade económica necessária para poder viver dignamente e poder desenvolver-se como pessoas. Porém, muitas vezes os resultados não foram os esperados. Talvez não imaginassem ou não pensassem que a maior parte dos trabalhos que oferecem as cidades requerem formação específica e, também, experiência prévia. Não obstante, alguns tiveram sorte, conseguiram um trabalho e puderam estabelecer-se na cidade. A vida melhor que procuravam estava a fazer-se realidade. É o caso duma amiga da minha mãe. Ela trabalhava numa loja de roupa mas, com a crise, a loja fechou e não tinha dinheiro suficiente para sobreviver. Então, decidiu viajar para a capital, Madrid, e buscar ali um futuro melhor. Lá foi contratada para trabalhar como advogada num gabinete, pois tinha feito a licenciatura ao mesmo tempo que trabalhava na loja. Deste modo, alcançou uma profissão reconhecida e pôde formar ali uma família.
Em contraposição, outras pessoas vieram à minha vila com a intenção de fugir da agonia e do alvoroço das cidades. Buscavam uma vida mais tranquila para as famílias e um novo meio em contato com a natureza, longe da poluição das urbes. Lembro-me duma família que começou uma nova etapa com os filhos; adoravam tudo o que antes não tinham: a calma, falar com as pessoas na rua, a cultura própria, os costumes, a natureza... Enfim, o modo de viver. O certo é que há uma visível diferença entre uma cidade como Barcelona e uma vila do centro de Galiza. Contudo, a adaptação deles foi muito rápida, e em pouco tempo, abriram um negócio de restaurantes que teve um considerável êxito entre os vizinhos. Os anos passaram e eles conseguiram formar uma vida afastada da cidade e, também, uma estabilidade económica num lugar que outros abandonavam pela mesma razão.
Em síntese, nestas situações observamos dois tipos de migração interior, do rural para a cidade e da cidade para o rural, com o mesmo objetivo, ou seja, buscar uma vida melhor. A diferença está no que cada pessoa considera como “vida melhor”. Não temos um sentir comum, isto é, uns buscam a felicidade e a estabilidade num meio saudável, fugindo do ruído e do stress da cidade e outros correm para as cidades tentando cumprir os seus sonhos. Não obstante, é verdade que em períodos complicados a urbe parece a opção mais apropriada para buscar um futuro, já que oferece multitude de oportunidades e serviços. Porém, considero que é ótimo ter estas duas variantes para que nenhuma zona fique sem habitantes. A vida nas vilas e aldeias, junto com os trabalhos na agricultura ou no comércio, são tão necessários como os que se realizam na cidade. Nem sempre onde há mais oportunidades é onde está a solução. “ A cidade maior está dentro da nossa mente”.
Fonte: Pinterest

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