Nesta ocasião comentaremos
um artigo que se publicou há umas semanas num jornal português. O
dito artigo
mostra como uma boa ação pode implicar
um castigo. Nesta
ocasião, ajudar seis pessoas carenciadas mais do que
o acordado com a Segurança Social
significa ser multado com 6300 euros.
Em primeiro lugar,
considero uma injustiça multar um Centro Social por apoiar aqueles
que verdadeiramente
precisam. O dito
Centro, junto com a Paróquia de S.
Martinho das Moitas, está
a realizar um trabalho
que proporciona aos
carenciados uma vida melhor. De acordo com
o último estudo levado a cabo pela
Federação Portuguesa dos Bancos
Alimentares Contra a Fame,
Portugal conta
com 390.900
pessoas carenciadas.
Consequentemente, a atenção domiciliária é primordial para o
desenvolvimento destas pessoas.
Em segundo lugar, em relação com o mencionado
anteriormente, não acredito que a ajuda a
um ser humano esteja condicionada por um acordo que exclui alguns que
também necessitam. É verdade
que o país
lusófono arrasta uma crise desde 2011
que perdura até a atualidade; porém,
creio que o governo deve garantir que toda
a população
possa desenvolver-se como pessoa e ter uma vida justa e digna. Além
disso, os
cidadãos têm
a responsabilidade de assegurar que o
governo se mantenha responsável e proteja os direitos humanos. É
trabalho de todos conseguir uma vida mais satisfatória para eles.
Se não somos capazes
de consegui-lo,
não poderemos falar duma sociedade justa e igualitária.
Por outro lado, é
difícil crer que uma ação que proporciona ajuda possa ser multada.
Porém, existem
na sociedade outras “injustiças” que provêm
de ótimas ações. Por exemplo, o
fato de impedir uma
ordem de despejo, na Espanha, ou dar comida
aos pobres na rua, nos Estados Unidos, é
considerado delito. É curioso
como ajudar o próximo
se está a converter numa “má”
ação. Contudo,
o pior é ver que as pessoas não se opõem
a estes factos e que
permitem que este tipo de
coisas continuem a acontecer.
Os direitos humanos estão a ser quebrados
e acho que é o momento de nos mostrarmos
mais críticos com os governantes que nos dirigem como povo, mas
também com nós
mesmos e com o que nos rodeia.
Para uma família ou
para as pessoas que vivem isoladas tem de ser muito complicado
observar como as ajudas não são suficientes para lhes
proporcionarem
a estabilidade que necessitam. Além disso,
nas pessoas há
uma sensação de que os prejudicados são sempre os mesmos, quer
dizer, os que menos recursos têm
são os que sofrem as piores consequências. Penso que essa sensação
é real, pois não
acredito que num país em crise os governantes continuem
a cobrar o mesmo enquanto
as subvenções
para os carenciados se reduzem. Como dizia
o conde de
Mirabeau: “o
governo não se fez
para a comodidade e o prazer dos que governam”.
Em
resumo,
como expõe o
artigo
25 da Declaração Universal dos
Direitos do Homem,
“toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente que lhe
assegure a
si e
à sua família saúde e bem-estar, principalmente quanto à
alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica,
e ainda, aos serviços sociais necessários". Em
resumo,
considero que não é coerente castigar uma ação que está a
garantir um direito fundamental das pessoas.
Pelo contrário,
creio
que seria melhor reunirmos
forças para lutar entre todos por uma sociedade justa e igualitária
em
que
cada indivíduo
se possa desenvolver como pessoa. Como
dizia o político e escritor cubano José Martí: “ajudar a
pessoa que
necessita não é só parte do dever, mas
da felicidade”.
Fonte: Flickr |
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