Neste artigo não
vamos falar do modo de vida ecológico que devemos todos adotar para salvar o
nosso planeta, já que cada um pode encontrar essas informações em qualquer
lugar. O que nos interessa mais é a consciência internacional do problema.
Exceto alguns “antiambientalistas”, admite-se que a responsabilidade dos
humanos é inegável, assim como são inegáveis
também as consequências do aquecimento global para a humanidade e
sobretudo para o planeta. A questão do ambiente é então internacional e os
países não podem somente preocupar-se pelo seu território. Numerosas decisões
foram tomadas a um nível internacional durante as últimas décadas para tentar
encontrar soluções para o problema e a mais recente é a reunião de
representantes de muitos países em Paris em dezembro de 2015 para a COP21. Para
entender este acontecimento, vamos lembrar o historial das reuniões das
organizações intergovernamentais para o ambiente e depois vamos apresentar os
objetivos da COP21.
Em 1992 as Nações
Unidas reuniram-se, no Rio de Janeiro, para uma primeira conferência sobre o
meio ambiente e o desenvolvimento. Durante esta, quase todos os países do mundo
assinaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas
(CQNUAC ou UNFCCC em inglês). Os países que assinaram comprometeram-se a
limitar as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), gases responsáveis pelo
aquecimento global. Diferentes protocolos podem endurecer os limites, como o
famoso protocolo de Quioto de 1997. Os países devem também reunir-se com frequência
durante as Conferências das Partes (COP) para falar da situação e tomar novas
medidas. Estas são soberanas, o que significa que são superiores às leis
nacionais de cada país e que devem ser aplicadas por todos. Contudo, a CQNUAC
tem dificuldades em impor-se. O exemplo mais significativo é a recusa dos EEUU
para firmar assinar o protocolo de Quito, não obstante ser um dos países mais
produtores de GEE no mundo. Além disso, nota-se pouco progresso na redução dos
GEE desde 1992, apesar de esforços comuns. As mudanças são avaliadas de maneira
constante pelos membros especializados do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC do inglês Intergovernmental
Panel on Climate Change), outro órgão intergovernamental criado em 1988 no
âmbito da ONU e possuidor do prêmio Nobel da paz de 2007. O seu papel é de sintetizar,
para o melhor entendimento dos políticos e das populações, todas as informações
científicas a respeito da mudança climática, dos seus impactos ambientais e
socioeconómicos e das respostas possíveis ao problema.
Agora que
conhecemos melhor os diferentes elementos que participam na tentativa de
resolução da mudança climática, vamos falar da COP21, chamada assim por ser a
21a Conferência das Partes desde 1992, e que vai ter lugar em Paris. Tem
diferentes objetivos para chegar a um novo plano coletivo que permitira
estabilizar o aquecimento em menos de 2oC (a temperatura que os cientistas
consideram como o limite antes de que os danos sejam irreversíveis). De momento,
todas as medidas só permitem limitar o aquecimento aos 3oC e, então, a primeira
parte da conferência vai consistir numa apresentação de cada país relativamente
às suas medidas, para partilhar ideias e
melhorá-las. Num segundo tempo, tentarão propor soluções para as partes do
mundo onde as consequências da mudança climática já são irreversíveis. O terceiro
objetivo principal é encontrar uma
maneira de organizar as economias para que a partir do ano 2020 se mobilizem
100 bilhões de dólares por ano para a
resolução da questão climática. Paralelamente a estes acontecimentos políticos,
acontecerão em Paris muitos eventos para sensibilizar as populações de maneira
mais direita, como o evento “Solutions
COP21” no Grand Palais que vai propor uma série de filmes, atividades,
conferências, debates e exposições sobre as diferentes soluções para continuar
a viver em respeito com a nossa terra.
O mundo intero
parece ter consciência da necessidade de atuar rapidamente. No entanto já vimos
a pouca eficiência das COP precedentes. De onde vem a incapacidade dos
políticos para tomar decisões realmente fortes? Só podemos propor hipóteses,
uma delas é bastante convincente: a carência de autonomia dos políticos. Eles
têm tanto medo de não ser eleitos ou de não ser financiados por atores privados
que não têm a coragem de atuar com força. Para eles, o que está em jogo é o seu
lugar no xadrez geopolítico, não o estado do planeta. Se olharmos os mecenas da
COP21 encontramos organismos como a Coca-Cola que são responsáveis por problemas
muito importantes para o planeta. Acho que a única solução para chegar a umas
decisões eficientes é separar o pensamento ambiental das ideologias políticas e
financeiras.